Ônibus do BRT Move, em Belo Horizonte. Viações alegam prejuízos depois de implantação do sistema. Foto: Motornews.
BRT trouxe prejuízos e houve queda de passageiros, dizem empresas
Após implantação do Move, em Belo Horizonte, companhias de ônibus dizem que conta não fecha e pedem segundo reajuste de tarifas
ADAMO BAZANI – CBN
Entre as propostas de um BRT – Bus Rapid Transit, sistema de corredores de ônibus com maior velocidade, está atrair mais passageiros para o transporte público, qualificar os serviços e reduzir os custos de operação.
Mas isso não tem ocorrido com o BRT Move, em Belo Horizonte, pelo menos na alegação das próprias empresas de ônibus.
Pelo Setra, que é o Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de Belo Horizonte, as viações pedem mais um aumento das tarifas, que se for concedido pela prefeitura seria o segundo em seis meses, apesar de o contrato determinar um reajuste anual. Seguindo o índice de aproximadamente 12% reivindicado pelos empresários, a tarifa que foi para R$ 3,10 no final do ano passado ficaria agora entre R$ 3,40 e R$ 3,50.
Segundo o Setra, diferentemente do que era esperado, após a implantação do BRT houve queda no número de passageiros cuja média mensal em 2014 era de 34,62 milhões de usuários e nos quatro primeiros meses de 2015 foi 33,22 milhões de passageiros mensais.
As empresas alegam ainda que não tiveram o retorno dosINVESTIMENTOSrealizados para a implantação do sistema, como aquisição de frota nova e equipamentos de tecnologia.
O Setra diz que custos como pneus e combustíveis aumentaram também.
Elas pedem à prefeitura uma TIR – Taxa Interna de Retorno de 8,95%. Hoje esta taxa, segundo as empresas, seria de 2,97%.
O prejuízo alegado pelas empresas de ônibus entre janeiro e abril está acumulado em R$ 80 milhões. As viações estimam R$ 300 milhões até o final do ano.
A defensoria pública pede acesso a este suposto estudo feito para as companhias de ônibus.
Neste sábado, o prefeito Márcio Lacerda vai se reunir com os empresários para decidir sobre o aumento.
Sobre o BRT, antes de defender ou criticar o modelo de transporte, apontado por especialistas como uma das soluções de mobilidade em diversas regiões do País, é necessário verificar algumas questões como:
– Será que o modelo não é adequado para a realidade de Belo Horizonte?
– Será que o sistema não foi bem planejado?
– Será que as empresas estão operando e gerindo mal suas receitas e colocam a culpa no modal?
– Será apenas pressão para aumento de tarifa para deixar o valor mais próximo de capitais como São Paulo?
Adamo Bazani, jornalista da Rádio CBN, especializado em transportes.