Com frota que deve crescer 361%, Brasil deve ter COMO meta transporte público para que as cidades não travem
Em 2050, total de veículos no Brasil deve chegar a 130 milhões. Ônibus e carros elétricos são vistos como solução energética e de saúde pública
ADAMO BAZANI – CBN
O dado é preocupante e apesar de se tratar de uma projeção para o ano de 2050, aparentemente longínquo, as ações precisam ser tomadas agora.
O Ministério de Minas e Energia incluiu no PNE – Plano de Nacional de Energia para 2050 a previsão de que até este ano o Brasil deve ter uma frota de 130 milhões de veículos, a grande maioria, carros de passeio. Atualmente o número é um pouco maior que 36 milhões de automóveis.
O que pode parecer um sinal de prosperidade também representa um grande problema se o país não oferecer uma infraestrutura adequada para que o uso de tantos automóveis, em especial nas médias e grandes cidades, seja feito de maneira inteligente.
Ainda de acordo com as projeções, que ustilizaram padrões internacionais tendo como base países como Alemanha e Espanha, o número de veículos vai continuar crescendo até 2050 numa proporção muito maior que a população. Hoje a taxa é de um carro para cinco brasileiros. Este número, em 2050, deve ser de um carro para dois brasileiros.
Se estes veículos fossem usados por todos os proprietários para os deslocamentos diários, haveria um colapso de mobilidade nas cidades.
O número de pessoas vai crescer menos, a quantidade de carros terá um salto, mas a estrutura nas cidades tem pouca margem de crescimento.
Não tem como aumentar o espaço para os carros na mesma proporção que a frota.
Assim, as projeções do Ministério de Minas e Energia são MAIS uma prova de que as ações em prol do transporte coletivo devem ganhar já agora um ritmo maior e os investimentos não permitem mais erros, aventuras e excentricidades políticas.
Parece que 2050 está longe. Mas se for levado em consideração que uma linha de dez quilômetros de metrô pode demorar de dez a quinze anos para ficar pronta e que a malha ferroviária urbana e metropolitana no Brasil é muito pequena, as projeções revelam que o Brasil ainda não está preparado para o crescimento tão significativo da frota de veículos.
O problema não é o Brasil ter uma ALTA taxa de motorização. Mas é o carro se tornar o PRINCIPAL meio de deslocamentos diários.
São necessárias ações que possam reduzir num curto prazo a dependência do automóvel enquanto linhas estruturantes de metrô e outros modais de ALTA capacidade comecem de fato a cobrir uma parte importante das cidades.
E os corredores de ônibus de alta velocidade, BRTs _ Bus Rapid Transit – são essenciais, mas não apenas como medidas paliativas. Sistemas que priorizam ônibus no espaço urbano não se tornam obsoletos com o crescimento do metrô. Muito pelo contrário. Os corredores de ônibus organizam as cidades para que os sistemas metroferroviários atendam realmente as grandes demandas que justifiquem os altos investimentos e formem uma malha de transportes públicos com diversos modais. Também impedem que as linhas de metrô já “nasçam” saturadas.
Um corredor de ônibus de alta velocidade oferece vantagens semelhantes às do metrô para os passageiros, como viagens mais rápidas em estações e veículos com maior nível de conforto, no entanto, com custos e tempo de implantação bem mais reduzidos. Em dois anos é possível fazer o dobro de extensão de uma estrutura de corredor de ônibus com custos de cinco a dez vezes menores na comparação com o metrô.
Mas vale ressaltar novamente: um modal não exclui o outro. No entanto, como são tempos de construção diferentes e as cidades precisam se preparar para esta frota de veículos está no ônibus a resposta rápida para os desafios da mobilidade urbana.
A projeção do Ministério de Minas e Energia indica que a proporção de veículos leves deve ter um crescimento menor e representar 55% da matriz de transportes de passageiros.
No entanto, vale ressaltar que mesmo assim o dado não pode ser visto como um sinal de melhores perspectivas em relação à mobilidade se não for acompanhado de políticas que levem a sério o transporte público. Isso porque, a ocupação que um automóvel faz nas cidades não é inteligente e aproveita mal o espaço urbano. Enquanto um caro de 4,12 metros de comprimento só pode transportar apenas cinco pessoas, um ônibus de 13,2 metros atende a 80 pessoas. Isso sem levar em consideração que apesar de ter capacidade para cinco pessoas, os carros andam em média apenas com dois ocupantes. Assim, estes 55% dos carros vão transportar menos pessoas que os outros meios de transporte, mas ocupando um espaço maior nas cidades e proporcionalmente poluindo bem mais por passageiro.
Em relação ao consumo de combustível e poluição, o Ministério de Minas e Energia aposta na mobilidade elétrica, com carros e ônibus a baterias ou híbridos, como solução para o crescimento da frota.
Até 2040, o consumo de combustível deve triplicar, mas depois desta década, a tendência é de redução justamente pela maior quantidade de veículos elétricos.
Adamo Bazani, jornalista da Rádio CBN, especializado em transportes
Em 2050, total de veículos no Brasil deve chegar a 130 milhões. Ônibus e carros elétricos são vistos como solução energética e de saúde pública
ADAMO BAZANI – CBN
O dado é preocupante e apesar de se tratar de uma projeção para o ano de 2050, aparentemente longínquo, as ações precisam ser tomadas agora.
O Ministério de Minas e Energia incluiu no PNE – Plano de Nacional de Energia para 2050 a previsão de que até este ano o Brasil deve ter uma frota de 130 milhões de veículos, a grande maioria, carros de passeio. Atualmente o número é um pouco maior que 36 milhões de automóveis.
O que pode parecer um sinal de prosperidade também representa um grande problema se o país não oferecer uma infraestrutura adequada para que o uso de tantos automóveis, em especial nas médias e grandes cidades, seja feito de maneira inteligente.
Ainda de acordo com as projeções, que ustilizaram padrões internacionais tendo como base países como Alemanha e Espanha, o número de veículos vai continuar crescendo até 2050 numa proporção muito maior que a população. Hoje a taxa é de um carro para cinco brasileiros. Este número, em 2050, deve ser de um carro para dois brasileiros.
Se estes veículos fossem usados por todos os proprietários para os deslocamentos diários, haveria um colapso de mobilidade nas cidades.
O número de pessoas vai crescer menos, a quantidade de carros terá um salto, mas a estrutura nas cidades tem pouca margem de crescimento.
Não tem como aumentar o espaço para os carros na mesma proporção que a frota.
Assim, as projeções do Ministério de Minas e Energia são MAIS uma prova de que as ações em prol do transporte coletivo devem ganhar já agora um ritmo maior e os investimentos não permitem mais erros, aventuras e excentricidades políticas.
Parece que 2050 está longe. Mas se for levado em consideração que uma linha de dez quilômetros de metrô pode demorar de dez a quinze anos para ficar pronta e que a malha ferroviária urbana e metropolitana no Brasil é muito pequena, as projeções revelam que o Brasil ainda não está preparado para o crescimento tão significativo da frota de veículos.
O problema não é o Brasil ter uma ALTA taxa de motorização. Mas é o carro se tornar o PRINCIPAL meio de deslocamentos diários.
São necessárias ações que possam reduzir num curto prazo a dependência do automóvel enquanto linhas estruturantes de metrô e outros modais de ALTA capacidade comecem de fato a cobrir uma parte importante das cidades.
E os corredores de ônibus de alta velocidade, BRTs _ Bus Rapid Transit – são essenciais, mas não apenas como medidas paliativas. Sistemas que priorizam ônibus no espaço urbano não se tornam obsoletos com o crescimento do metrô. Muito pelo contrário. Os corredores de ônibus organizam as cidades para que os sistemas metroferroviários atendam realmente as grandes demandas que justifiquem os altos investimentos e formem uma malha de transportes públicos com diversos modais. Também impedem que as linhas de metrô já “nasçam” saturadas.
Um corredor de ônibus de alta velocidade oferece vantagens semelhantes às do metrô para os passageiros, como viagens mais rápidas em estações e veículos com maior nível de conforto, no entanto, com custos e tempo de implantação bem mais reduzidos. Em dois anos é possível fazer o dobro de extensão de uma estrutura de corredor de ônibus com custos de cinco a dez vezes menores na comparação com o metrô.
Mas vale ressaltar novamente: um modal não exclui o outro. No entanto, como são tempos de construção diferentes e as cidades precisam se preparar para esta frota de veículos está no ônibus a resposta rápida para os desafios da mobilidade urbana.
A projeção do Ministério de Minas e Energia indica que a proporção de veículos leves deve ter um crescimento menor e representar 55% da matriz de transportes de passageiros.
No entanto, vale ressaltar que mesmo assim o dado não pode ser visto como um sinal de melhores perspectivas em relação à mobilidade se não for acompanhado de políticas que levem a sério o transporte público. Isso porque, a ocupação que um automóvel faz nas cidades não é inteligente e aproveita mal o espaço urbano. Enquanto um caro de 4,12 metros de comprimento só pode transportar apenas cinco pessoas, um ônibus de 13,2 metros atende a 80 pessoas. Isso sem levar em consideração que apesar de ter capacidade para cinco pessoas, os carros andam em média apenas com dois ocupantes. Assim, estes 55% dos carros vão transportar menos pessoas que os outros meios de transporte, mas ocupando um espaço maior nas cidades e proporcionalmente poluindo bem mais por passageiro.
Em relação ao consumo de combustível e poluição, o Ministério de Minas e Energia aposta na mobilidade elétrica, com carros e ônibus a baterias ou híbridos, como solução para o crescimento da frota.
Até 2040, o consumo de combustível deve triplicar, mas depois desta década, a tendência é de redução justamente pela maior quantidade de veículos elétricos.
Adamo Bazani, jornalista da Rádio CBN, especializado em transportes