Maioria dos terminais de ônibus do Rio não obedece a todos os critérios técnicos e de estrutura mínima

Em Cascadura, há abrigos com assentos, mas não são suficientes para o movimento do terminal
Em Cascadura, há abrigos com assentos, mas não são suficientes para o movimento do terminal Foto: Guilherme Pinto / Extra
Geraldo Ribeiro
Tamanho do texto A A A
A prefeitura repassou para o Rio Ônibus, que representa as empresas de ônibus, em setembro de 2006, por decreto, a gestão de 25 terminais rodoviários do município, com a promessa de melhorar o atendimento aos usuários. Por quatro dias, o EXTRA visitou todos, inclusive os criados após o decreto, e encontrou problemas de acessibilidade, falta de banheiros, de cobertura e de assentos. Em resposta, a Secretaria municipal de Transportes enviou fotografias que, de um ângulo favorável, não mostram as dificuldades e o desconforto enfrentado por passageiros e rodoviários.
Terminal da Ribeira, na Ilha do Governador, só tem cobertura e assentos numa das três
Terminal da Ribeira, na Ilha do Governador, só tem cobertura e assentos NUMA das três Foto: Guilherme Pinto / Extra
Para a secretaria, o Terminal da Ribeira, na Ilha, por exemplo, tem cobertura e acessibilidade. Mas, das três baias para ônibus, só uma é coberta e tem quatro bancos de cimento. E, das cinco rampas para cadeirantes, uma está obstruída por pedregulhos e buracos; outra tem desnível acentuado e acumula água da chuva.
— Aqui era o antigo terminal de bondes. A população cresceu, e nada mudou por aqui — disse o técnico em eletrônica Carlos Alberto Parucker, de 58 anos.
A secretaria e o Rio Ônibus afirmam que os terminais são classificados em quatro tipos, cada um com características específicas. Mas o EXTRA constatou que 20 deles não atendem pelo menos a um dos critérios técnicos e estrutura mínima de seu tipo. Todos deveriam ter banheiro para rodoviários ou convênio com comércio para uso do sanitário. Mas seis não têm, como o de Irajá. Lá, como em 12 terminais, abrigos e assentos são insuficientes.
Sem lugar para sentar
Cerca de metade dos terminais (14 dos 25) é classificada como do tipo 1 e 2 e fica em via pública. O tipo 1 é o terminal que compartilha a via com outros veículos, e o 2 fica em área exclusiva. Mesmo assim, precisam ter acessibilidade, cobertura, assentos, banheiro para rodoviários e informação sobre as linhas.
Terminal Terreirão, no Recreio, faltam abrigos e a acessibilidade é zero
Terminal Terreirão, no Recreio, faltam abrigos e a acessibilidade é zero Foto: Fábio Guimarães / Extra
No Terminal do Terreirão, no Recreio, do tipo 1, os abrigos para nove linhas têm assentos suficientes para apenas 16 pessoas, que não encheriam nem um ônibus. Em Santa Cruz, o Terminal Álvaro Alberto, do mesmo tipo, não tem banheiro, e os abrigos cobertos e assentos também são insuficientes. Em Curicica, além disso, enormes lixeiras na calçada são obstáculos a usuários.
A Lei Orgânica do Município prevê que os terminais “devem propiciar conforto, proteção e segurança”. A Secretaria municipal de Transporte diz que a fiscalização é permanente e, até 2014, considerável parte das exigências não vinha sendo totalmente cumprida. Segundo o órgão, os consórcios foram notificados e o atendimento às obrigações saltou de 38% para 77%. Já o Rio Ônibus informou que nos últimos dois meses investiu R$ 2 milhões nos terminais.
Principais problemas e o que dizem SMTR e Rio Ônibus
Serrinha, em Campo Grande - Funciona na rua, sem banheiros.
Segundo a secretaria é terminal de classificação Tipo 1, possui cobertura e sinalização.
Rio ônibus diz que já estão instaladas a cobertura, assento e informações trilíngues e, por se tratar de um ponto final do tipo 1, a infraestrutura não requer banheiros para passageiros.
Terminal de Campo Grande - O principal terminal do bairro tem boas instalações e rampas de acessos, mas uma delas estava obstruída pela cabine e despachante da Viação Jabour.
SMTR infomou que o terminal de classificação Tipo 4 possui piso tátil (para deficientes visuais), terminais de autoatendimento para Bilhete Único, câmeras de segurança, banheiros masculino e feminino para os auxiliares de transportes, para o público em geral e para portadores de necessidades especiais, acessibilidade, integração com o BRT e bicicletário e assentos.
Enviou foto para mostrar que, diferentemente do que foi informado pela reportagem, a cabine mencionada não obstruia rampa de acessibilidade. Porém a imagem mostra um despachante trabalhando no local .
empresa será avisada para revolver o problema de obstrução da rampa, segundo o Rio ônibus
Terminal Deputado Souza Marques, em Cascadura - Instalações precárias, há poucas paradas com abrigo e bancos que atendem uma minoria dos usuário e as instalações elétricas são cheias de gambiarras
Secretaria diz que possui rampa de acessibilidade, piso tátil (para deficientes visuais), cobertura, banco, sinalização e sanitários.
O EXTRA não encontrou piso tátil e e constatou que coberturas e bancos são insuficientes .
O Rio ônibus diz que terminal tem a estrutura necessária para o número de linhas atendidas, assentos, coberturas e informações trilíngues. A questão das instalações elétricas será avaliada.
Terminal da Ribeira, na Ilha do Governador - Insstalações precárias. Falta cobertura , assentos e pouca acessibilidade. Os banheiros existentes ficam trancados a cadeado e só os rodoviários têm acesso
Secretaria diz que terminal tem placas de sinalização, sanitários, cobertura no ponto, rampa de acessibilidade.
O EXTRA constatou que há duas baias sem cobertua ou assentos e uma rampa para cadeirante está obstruída por pedregulho e buraco. Outra tem desnível e acumula [agua da chuva.
Segundo o Rio ônibus, "o terminal possui uma marquise que atende a maioria dos pontos e foi solicitada a colocação de mais um abrigo para a área que ainda não é coberta. Como é um terminal do Tipo 2, os banheiros são para uso dos motoristas.
Terminal da Pavuna - É outro que funciona no meio da rua, sem condições de atender com o mínimo de conforto passageiros e rodoviários.
SMTR informou que o terminal tem cobertura, cabine, porém, não atende ainda aos critérios de exigência para a acessibilidade. O consórcio responsável foi notificado a cumprir a regra.
Rio ônibus diz se tratar de "terminal do Tipo 1, ou seja, pontos finais localizados na rua. Já estão instaladas a cobertura, assento e informações trilíngues. funciona na rua, sem cobertura, assentos ou banheiros. Por se tratar de um ponto final do tipo 1, a infraestrutura não requer banheiros para passageiros.
O EXTRA constatou que há cobertura, mas não possui assentos.
Terminal Daniel Barata, na Penha - funciona embaixo do viaduto, sem cobertura para usuários
Segundo a secretaria funciona sim embaixo do viaduto, "sobretudo, a parte administrativa e os banheiros". Embarque e desembarque de passageiros, no entanto, é feito pelo passeio público. Segundo o órgão possui sanitários (masculino e feminino para os auxiliares de transportes e para portadores de necessidades especiais - em atendimento à norma ABNT); Abrigo com assento, acessibilidade; sistema de monitoramento por câmera; sinalização com informações sobre o conjunto de linhas atendidas no local, com divulgação das linhas de serviços, informação de telefone e endereços eletrônicos de serviços de transportes e do número de atendimento ao cidadão da Prefeitura, o 1746
Segundo o Rio ônibus "o terminal foi reduzido pelas obras da Transcarioca, porém trata-se de um conjunto de pontos finais. No local já estão instaladas a cobertura, assento e informações trilíngues. funciona na rua, sem cobertura, assentos ou banheiros. Por se tratar de um ponto final do tipo 2, a infraestrutura não requer banheiros para passageiros."
Terminal de Irajá (Enock Anselmo dos Santos) - É outro que funciona no meio da rua, sem condições de atender com o mínimo de conforto passageiros e rodoviários.
Secretaria informou que possui Possui abrigo com assento, sinalização com informações sobre o conjunto de linhas atendidas no local, com divulgação das linhas de serviços, informação de telefone e endereços eletrônicos de serviços de transportes e do número de atendimento ao cidadão da Prefeitura, o 1746
Rio Ônibus diz que já estão instaladas a cobertura, assento e informações trilíngues. Por se tratar de um ponto final do tipo 1, a infraestrutura não requer banheiros para passageiros.
O EXTRA constatou que não há abrigos e assentos suficientes ou banheiro para rodoviários
Terminal Américo Ayres, Méier - É o do subúrbio em melhores condições. Há assento e cobertura, boa acessibilidade. Lá a única queixa de usuários e rodoviários é com a falta de segurança.
A SMTR confirmou que há abrigo com cobertura, terminal de atendimento para Bilhete Único, sanitários, acessibilidade, piso tátil, sinalização, banheiro para portadores de necessidades especiais, redutor de velocidade nas vias de passagem para a segurança de pedestres (traffic calm)
Segundo o Rio Ônibus, será solicitado um reforço para as autoridades de segurança.
Terminal Arquiteto Paciello, Méier - As instalações são precárias e falta segurança são as principais queixas dos usuários.
Segundo a SMTR, há abrigo com banco, piso tátil (para deficientes visuais), placa recém-instalada (e já vandalizada) com informações das linhas de serviços, informação de telefone e endereços eletrônicos de serviços de transportes e do número de atendimento ao cidadão da Prefeitura, o 1746.
O Rio ônibus diz que "terminal foi adaptado com obras de acessibilidade e por tratar-se do Tipo 3 possui abrigos e assentos para todas as linhas, banheiros para rodoviários, além de possuir uma sede da Guarda Municipal."
Terminal de Santa Cruz (Álvaro Alberto) - Mais um que funciona no meio da rua, sem condições de atender com o mínimo de conforto passageiros e rodoviários.
Secretaria diz que é terminal de classificação Tipo 1 (Conjunto de pontos finais em via compartilhada com outros veículos ou em logradouro público destinado a parada e ponto regulador de linhas de ônibus), com sinalização, rampa de acesso, abrigo com banco, piso tátil (para deficientes visuais).
Rio ônibus disse se tratar de um terminal do Tipo 1, ou seja, pontos finais localizados na rua e já estão instalados abrigos com coberturas, assento e informações trilíngues. Por se tratar de um ponto final do tipo 1, a infraestrutura não requer banheiros para passageiros.
O EXTRA não encontrou banheiros nem para para rodoviários. Cobertura e assentos são em número insuficientes.
Terminal Procópio Ferreira, na Central - Há queixas de sujeira, insegurança, pouca acessibilidade e banheiros que não funcionam 24h.
A secretaria diz que o terminal mencionado fica ao lado do prédio onde funciona a Secretaria de Segurança Pública do Estado, órgão competente a falar sobre questão de segurança pública.
Segundo o Rio Ônibus foram feitas obras de adaptação para acessibilidade e eliminação de barreiras físicas. "A Polícia Militar faz rondas constantes e as outras questões serão revistas pelo consórcio", garantiu.
Terminal Padre Henrique Otte, no Santo Cristo - Principal queixa é a falta de assentos para garantir conforto aos usuários e pouca acessibilidade
SMTR diz que terminal tem acessibilidade, piso tátil (para deficientes visuais) e não mencionou assentos .
O consórcio vai verificar as questões citadas, diz o Rio ônibus.
Terminal de Madureira - Foi reformado há pouco tempo e está em boas condições.
Não foi reformado, segundo a secretaria, e sim construído para atender aos passageiros que fazem integração com o sistema BRT. "Possuiu sanitários, sinalização, monitor LED, rampas de acessibilidade, terminal de autoatendimento para Bilhete Único" informou.
Terminal Rodoviário Arquiteto Julius Sass (Gardênia Azul)) - Possui três abrigos com assentos, sendo que o local atende seis linhas. usuários reclamam da acessibilidade
SMTR diz que de acordo com as normas, possui abrigo, sinalização e rampa de acessibilidade. Segundo o órgão não é obrigatório ter um abrigo por linha de ônibus e os abrigos são de uso compartilhado.
Rio ônibus informou que assim como ocorreu com o terminal Nossa Senhora do Amparo, em Cascadura, as linhas foram seccionadas devido ao Transcarioca e apenas as linhas que estão nos pontos estão operando. A atualização foi feita há dois meses. Segundo o Rio Ônibus, a Prefeitura é responsável pelo arruamento, "assim como em toda a cidade."
Terminal Freguesia - Atende uma única linha de ônibus. Tem sanitário público, mas não possui abrigo ou assentos para passageiros.
Segundo a secretaria, este não faz parte dos terminais concedidos na licitação, portanto não são objeto de termo de referência. O terminal é gerenciado pela SMTR e a secretaria vai encaminhar uma equipe de fiscalização ao local e verificar se há condições para instalação do abrigo com assento (ou similares).
Terminal Curicica - Tem cinco abrigos com assentos, mas atende oito linhas. Não possui banheiro nem para os rodoviários ou acessibilidade e é muito sujo
Secretaria diz que, de acordo com as normas, quando não há banheiro em terminais do tipo 1 é permitido ao concessionário fazer um convênio com o comércio local para viabilizar a utilização dos sanitários. Quanto aos abrigos, são de uso compartilhado.
Rio ônibus respondeu que "devido à operação com mesma empresa e baixa frequência, algumas linhas dividem mesmo abrigo. Não necessariamente existe um abrigo por linha. Possui banheiro para os rodoviários junto ao ponto B3. Quanto à sujeira já foi solicitado a Seconserva."
Terminal Terreirão (Recreio) - Local atende a nove linhas, mas só tem quatro abrigos com cobertura e assentos e nenhuma acessibilidade. Há três banheiros químicos instalados pelas empresas para uso dos rodoviários.
SMTR responde que "não é obrigatório ter um abrigo por linha de ônibus, os abrigos são de uso compartilhado. O local possui abrigo e assento. A falta de acessibilidade está ligada ao fato de o local não ser totalmente urbanizado. Vale ressaltar que a SMTR não realiza obras de quaisquer tipos, incluindo urbanização."
O Rio ônibus informou que "devido à operação com mesma empresa e baixa frequência, algumas linhas dividem mesmo abrigo. Não necessariamente existe um abrigo por linha. Terminal do tipo 1, a Prefeitura é responsável pelo arruamento, assim como em toda a cidade."
Terminal Alvorada (Barra da Tijuca) - Foi modernizado e oferece conforto aos usuários. Pontos fracos: não possui assentos nem para idosos e é dos mais caros entre os que cobram pela utilização do banheiro (R$ 2)
Uma equipe de fiscalização será encaminhada ao local para verificar a reclamação sobre os assentos e solicitar as providências necessárias, informou a secretaria.
Rio ônibus diz que assentos estão em estudo para serem implantados.
Terminal da Joatinga (Barra da Tijuca) - Funciona de forma improvisada na Rua João de Farias, desde que o viaduto do Joá, embaixo do qual os ônibus paravam, entrou em obras, segundo usuários e rodoviários.
Terminal desativado, segundo a secretaria e o que funciona na Rua João de Farias é um ponto final.
Terminal Jamil Amidem (na Avenida Chile, no Centro) - Pouca acessibilidade e apenas um banheiro químico, para uso dos rodoviários.
No local, há rampa de acessibilidade, gantiu a secretaria. Em caso de terminal do tipo 1, diz o órgão, a norma prevê banheiro apenas para os rodoviários; eles podem ser de alvenaria, químico ou, na impossibilidade de instalar banheiros de alvenaria ou químico, é permitido ao concessionário fazer um convênio com o comércio local para viabilizar a utilização dos sanitários pelos rodoviários.
Terminal da Gávea (PUC) - Tem boas instalações para um terminal que funciona na rua. Ponto fraco: apenas um banheiro químico
Secretaria diz que local possui banheiros, além de abrigo e sinalização.
Segundo o Rio ônibus há também um banheiro de alvenaria instalado próximo ao ponto B3 com ótimas instalações
Terminal do Cosme Velho (Cosme Velho) - Possui boas instalações.
A fiscalização é permanente e continuará a ser feita para garantir que as instalações continuem dentro do padrão, garante a SMTR.
Terminal Carlos Manes Bandeira (Usina) - Possui boas instalações, com acessibilidade. Ponto fraco: ausência de placas com informações sobre as linhas que param no local.
Secretaria garante que há placas e mandou inclusive fotos, mas quando o EXTRA esteve no local, não as encontrou.
O Rio ônibus também informou que "a sinalização trilíngue já foi instalada."


Leia mais: http://extra.globo.com/noticias/rio/maioria-dos-terminais-de-onibus-do-rio-nao-obedece-todos-os-criterios-tecnicos-de-estrutura-minima-de-conforto-15749913.html#ixzz3WXrhnsru