Produção: Ônibus com o pé no freio

Fonte: Blog Ponto de Ônibus

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Produção de ônibus tem queda acumulada de 17,7% trimestre, diz Anfavea
Já os licenciamentos registraram baixa de 24,8%, mostrando ritmo muito baixo da economia brasileira
ADAMO BAZANI – CBN
A desaceleração econômica no Brasil, após desequilíbrios fiscais, corrupção envolvendo nomes ligados ao Governo Federal, medidas ineficientes da equipe da presidente Dilma Rousseff, continua afetando o nível de INVESTIMENTOS, o que traz impacto direto na indústria de bens de capital, como a de ônibus e caminhões.
Os números sobre o desempenho do setor de automóveis divulgados nesta terça-feira, 07 de abril de 2015, pela Anfavea são mais dados que mostram que ainda estão sendo em vão as ações da equipe econômica para fazer o Brasil voltar a crescer novamente.
Ônibus e caminhões não são bens de consumo. Eles refletem como as indústrias de diversos setores estão investindo e como estão vendendo, movimentos que interferem na circulação de pessoas e mercadorias que tende a ser menor quando a economia não está bem.
De acordo com a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores, no primeiro trimestre deste ano, a produção de caminhões encolheu 49,3% com 21 mil 696 unidades, na comparação com o mesmo período do eleitoral 2014, quando foram fabricados 42 mil 794 caminhões.
Já a indústria de ônibus produziu menos 17,7% no acumulado do trimestre frente aos três primeiros meses de 2014. Foram 8 mil 137 veículos de transporte coletivo até o final do mês passado contra 9 mil 881 de janeiro a março de 2014.
Os números aumentam ainda mais a preocupação de empregadores e trabalhadores. Hoje uma significativa parte das montadoras e encarroçadoras que fez algum tipo de ajuste na produção e com a mão de obra é formada por indústrias do setor de veículos pesados, como Mercedes-Benz, Scania, Volkswagen/MAN, Ford e Marcopolo. As medidas incluem suspensão de contratos de trabalho (lay off), PDVs – Programas de Demissões Voluntárias, redução na jornada de trabalho, seja em horas, dias da semana ou do mês.
No caso dos ônibus, outras questões além do baixo desempenho da economia brasileira influenciam. As licitações dos transportes no Brasil são, de uma maneira geral, tumultuadas e muito mais políticas que técnicas. Há um cenário de insegurança para INVESTIR. Vencer a licitação não significa operar em paz. Operadores que não são apoiadores políticos de prefeituras acabam sendo perseguidos pelas administrações municipais que desejam favorecer o perdedor no certame, mas que foi apoiador financeiro da campanha ou mesmo do bolso pessoal dos integrantes de tais administrações. Se não há a costumeira má-fé política, aparece a também costumeira incompetência de gestores que não sabem elaborar sequer um edital.
As obras de mobilidade também são sinais que muita coisa errada neste país é paga com empregos e perda de qualidade de vida de trabalhadores. Muitas obras previstas para a Copa do Mundo, que tiveram liberação de recursos mais facilitada pelo tal RDC – REGIME Diferenciado de Contratações, só vão ficar prontas depois das Olimpíadas de 2016 e, olhe lá.
Estas obras demandariam mais caminhões no setor de construção civil e mais ônibus novos de alta capacidade que iriam circular por elas, como é o caso dos corredores BRTs.
O segmento de ônibus urbanos, o que representa a maior fatia de mercado, é o mais prejudicado. De acordo com a Anfavea, a queda acumulada no trimestre foi de 19,7%. Nos três primeiros meses deste ano deixaram as linhas de montagem 6.581 veículos deste tipo. Em semelhante período do ano passado, foram 8 mil 192.
Em relação ao segmento de rodoviários, houve no mês passado uma esperança pela retomada do processo de concessão de quase duas mil linhas interestaduais e internacionais da ANTT – Agência Nacional de Transportes Terrestres, mas não o suficiente para reverter a trajetória de queda. Foram produzidos 1.556 rodoviários entre janeiro e março de 2015 ante 1.689 de igual período de 2014.
LICENCIAMENTOS:
Baixa produção por causa de baixa venda. A regra básica da economia é mostrada nos números de licenciamentos.
A queda no setor de caminhões foi de 36,2% com 18.964 veículos de carga emplacados neste primeiro trimestre. No período de 2014, foram 29.718.
O setor de ônibus teve baixa de 24,8% dos licenciamentos no acumulado do trimestre. Entre janeiro e março do ano passado, foram emplacados 6.927 veículos de transporte coletivo e neste ano o número foi de 5 mil 207.
As marcas de ônibus se comportaram da seguinte maneira no primeiro trimestre deste ano:
1ª) Mercedes-Benz: 2.480 veículos – queda de 11,5% em relação ao período de 2014.
2ª) MAN/Volkswagen Caminhões e Ônibus: 1.294 veículos – queda de 28,5% em relação ao período de 2014.
3ª) Agrale (contabilizando miniônibus Volare): 661 veículos – queda de 53,9% em relação ao período de 2014.
4ª) Iveco (contabilizando miniônibus Cityclass): 384 veículos – alta de 63,4% em relação ao período de 2014.
5ª) Volvo: 323 veículos – queda de 25,1% em relação ao período de 2014.
6ª) Scania: 46 veículos – queda de 77,8%
EMPREGOS:
A repórter Annie Zanetti esteve com o presidente da Anfavea, Luiz Moan. Em um ano, as montadoras já demitiram 15 mil trabalhadores:
Sugestão Cabeça: Cerca de quinze mil trabalhadores foram demitidos das montadoras brasileiras de automóveis em um período de um ano. Segundo levantamento divulgado pela Anfavea, a queda nas vendas influenciou o resultado. A associação prevê baixa de 13,2% nos emplacamentos de veículos em 2015. Também foi reduzida a projeção de produção total de automóveis. Segundo a entidade, a queda deve ser de 10% este ano.
Quase 15 mil pessoas foram demitidas das montadoras brasileiras entre março de 2014 e 2015.
No ano passado eram 155 mil e 511 funcionários e no último mês, 140 mil 851 trabalhadores.
As demissões estão relacionadas à atuação do setor, de acordo com a Anfavea, entidade que abriga as montadoras instaladas no país.
Nesta terça-feira, a associação fez uma revisão drástica nas expectativa de desempenho para o ano.
De acordo com a entidade, a estimativa para 2015 é de queda de 13,2% de vendas no total, com 12,3% em carros e 31,5%, no caso de caminhões e ônibus.
Também foi reduzida a projeção de produção total de veículos. Segundo a Anfavea, haverá queda de 10% neste ano, sendo 9,3% de baixa, para carros, e 22,5%, no setor de caminhões e ônibus.
As projeções anunciadas em janeiro, apontavam para estabilidade das vendas em 2015 e aumento de 4,1% da produção
As estimativas foram revisadas por causa dos resultados negativos no primeiro trimestre.
A produção de veículos registrou queda de 16,2% na comparação com os primeiros três meses do ano passado. No período, foram produzidas 253 mil unidades, frente a 272 mil no mesmo mês de 2014.
As vendas também tiveram queda de 17%.
Para o presidente da Anfavea, Luiz Moan, o desempenho está relacionado a queda no Nível de confiança dos INVESTIDORES e dos consumidores.
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Para o dirigente, os ajustes fiscais do governo federal devem começam a surtir efeito a partir do segundo trimestre, que segundo ele será difícil, mas não tanto quanto o primeiro.
A Anfavea divulgou ainda números sobre o estoque, que aumentou de 329 mil em fevereiro para 360 mil unidades em março. O suficiente para 46 dias de vendas, ante 42 dias no mês anterior.
De São Paulo, Annie Zanetti
Adamo Bazani, jornalista da Rádio CBN, especializado em transportes