Congestionamentos fizeram R$ 98 bilhões virarem fumaça no Rio de Janeiro e em São Paulo no ano de 2013

Fonte: Blog Ponto de Ônibus

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Congestionamentos fizeram São Paulo e Rio de Janeiro perderem R$ 98 bilhões em 2013. Investimentos em transportes públicos são a principal medida para evitar mais desperdícios de recursos e degradação da qualidade de vida. Mas as ações devem ser feitas de maneira técnica, deixando de lado obras que trazem mais projeção no marketing político do que benefícios às cidades como um todo. Agência Folha
Congestionamentos fizeram São Paulo e Rio de Janeiro perderem R$ 98 bilhões em 2013
Transporte público é a principal solução para que indústrias, comércios e pessoas parem de literalmente transformar dinheiro em fumaça. Mas obras não podem criar segregação urbana
ADAMO BAZANI – CBN
Já ouviu a expressão: virou fumaça?
Normalmente se refere quando algum esforço, recurso ou trabalho são empregados de maneira intensa e acabam dando em nada.
Pois bem, é o que ocorre com as indústrias, comércios e pessoas por causa dos congestionamentos e da falta de investimentos sérios e maiores no transporte público.
Estudo divulgado nesta semana pela Firjan – Federação das Indústrias do Rio de Janeiro, ao qual o Grupo Globo de Comunicação teve acesso, mostra que em 2013 os congestionamentos custaram R$ 98 bilhões somente nas cidades do Rio de Janeiro e de São Paulo.
Isso equivale a aproximadamente 2% do PIB – Produto Interno Bruto Brasileiro.
O contrassenso das políticas que ainda insistem em privilegiar o transporte individual e não promover desenvolvimento para geração de renda e emprego nas periferias é tão grande que só com o que São Paulo e Rio de Janeiro jogaram fora por causa dos congestionamentos em 2013, daria para construir 39 mil e 200 quilômetros de corredores de ônibus do tipo BRT – Bus Rapid Transito, modernos e que oferecem acessibilidade e rapidez aos transportes, 1 mil 960 quilômetros de metrô pesado subterrâneo e de alta tecnologia, ou 10 mil quilômetros de VLT – Veículos Leves sobre Trilhos, espécie de bondes modernos.
O estudo da Firjan somente leva em conta as horas de trabalhos perdidas e o combustível desperdiçado.
Mas a própria entidade diz que o custo do congestionamento é maior já que envolve fatores como os gastos na saúde pública devido ao agravamento de doenças por causa da poluição, desgastes nos veículos, degradação da estrutura viária, horas extras, queda de produtividade dos trabalhadores que já chegam cansados no serviço e até mesmo perdas de vendas do comércio: o trânsito e a falta de qualidade dos transportes públicos têm desestimulado as pessoas a passearem e se divertirem e, consequentemente, consumirem.
Além disso, há a perda de projeção de crescimento profissional. As pessoas não conseguem tempo para estudar e se qualificar.
O estudo conclui que a principal medida para que o dinheiro pare de ser queimado são investimentos em transportes públicos.
INVESTIMENTOS EM TRANSPORTES NÃO PODEM CRIAR SEGREGAÇÃO:
E quando se fala em investir em transporte público, questões de marketing político e até mesmo de beneficiamento de grupos econômicos podem fazer com que as verbas para a mobilidade não sejam aplicadas adequadamente.
As cidades como um todo precisam de investimentos e não apenas alguns eixos.
O que se vê hoje são projetos novos, que politicamente chamam a atenção, quase que faraônicos e suntuosos, mas que atendem apenas a demandas localizadas e o pior: sem uma relação clara e convincente do custo/benefício quanto à capacidade de transportes e esgotamento com o tempo.
Um dos principais fatores que devem ser levados em consideração é a demanda e a projeção do crescimento do número de passageiros.
Além disso, os investimentos em transportes devem abraçar toda a cidade.
Gastar uma grande quantidade de recursos somente em um modal numa determinada área é como se fosse criar uma segregação. Não haverá recursos para as outras regiões que continuarão sem privilégio ao transporte público.
Não somente as áreas centrais ou de altíssima demanda merecem transporte de qualidade.
Neste aspecto, os corredores comuns de ônibus e os mais modernos (BRT – Bus Rapid Transit) mostram-se ainda soluções mais adequadas. São mais baratos que outros modais, a implantação é mais fácil e rápida, o que é essencial para uma situação que precisa de medidas urgentes. E o melhor, não se esgotam com o tempo, pois pelas obras serem simples, há flexibilidade de expansões e alterações em trajetos que os outros modais não têm.
Uma rede de transporte que conjugue corredores modernos de ônibus e metrô de alta capacidade para as grandes e médias cidades sem dúvida é a solução mais coerente para evitar que se perca dinheiro e qualidade de vida devido ao trânsito e aos congestionamentos.
O trânsito é uma bola de neve perigosa. Quanto mais veículos existem nas ruas, outros mais são necessários.
Hoje empresas de ônibus precisam de mais veículos para atender a mesma linha e as transportadoras de mais caminhões para levar a mesma quantidade de cargas.
Assim, os transportes públicos beneficiam o deslocamento de pessoas e também de mercadorias ao reduzirem os congestionamentos.
Se os transportes de carga forem mais rápidos, eles também serão mais baratos, influenciando no custo final dos produtos transportados e, consequentemente, nos preços para o consumidor final nas gôndolas de supermercado e lojas.
Estes números são mais uma prova de que os investimentos em transportes precisam de fato saírem do papel. Basta agora coragem e bom senso!
Adamo Bazani, jornalista da Rádio CBN, especializado em transportes