Épocas como o Carnaval representam um maior demanda para os transportes rodoviários. Muitas empresas acabam alugando ônibus reduzindo crise para as companhias que operam fretamento
ADAMO BAZANI
Entre todos os segmentos relacionados aos transportes de passageiros por ônibus, a crise econômica é sentida mais sensivelmente pelo fretamento. Enquanto há uma queda de demanda em torno de 5% para os ônibus urbanos e metropolitanos, de aproximadamente de 11% para linhas rodoviárias regulares, a demanda por ônibus de fretamento registra uma queda média nacional em torno de 20%.
A lógica é simples. As empresas com serviços contratados por outros setores sentem logo no primeiro impacto quando os clientes reduzem a atividade econômica. Uma montadora, por exemplo, que coloca metade dos seus funcionários em lay-off, vai também rever os contratos com a companhia de ônibus, no caso da modalidade de fretamento contínuo.
Em relação ao fretamento eventual, a crise econômica também traz impactos. Afinal muitas pessoas acabam adiando os planos de viagens em pacotes, por exemplo. No último ano, dentro do fretamento eventual, apenas as viagens para turismo religioso se mantiveram em patamares não muito diferentes de antes da crise.
A prática de empresas operadoras de linhas regulares alugarem ônibus de companhias de fretamento não é nova e é autorizada pelas agências reguladoras locais de transporte e também pela ANTT – Agência Nacional de Transportes Terrestres.
No entanto neste momento de crise, os contratos de aluguel têm sido vistos não como um lucro a mais pelas empresas de fretamento e sim como um alívio diante da situação.
O Blog Ponto de Ônibus conversou com responsáveis pelos aluguéis de algumas empresas da Grande São Paulo. Dois deles disseram que para manter as operadoras de linhas regulares como clientes, não reajustaram valores em relação a janeiro e fevereiro do ano passado.
E justamente o Natal, o Ano Novo e o Carnaval é que aliviaram, mesmo que momentaneamente, a situação das companhias de fretamento.
O segmento tem passado por transformações que são ampliadas no momento de crise. Grandes grupos de empresas de fretamento que conseguem renovar a frota com maior constância e podem fazer melhores preços para maiores clientes acabam pegando o mercado que antes era ocupado por pequenas e médias empresas de ônibus, em especial, comandadas por famílias de atuação regional.
Adamo Bazani, jornalista especializado em transportes