Vantagem de projeto desenvolvido pela Williams é que pode ser implantado em ônibus mais antigos
ADAMO BAZANI
Das bancadas de estudos da Fórmula 1 para o transporte coletivo. Assim foi o caminho de um sistema que aproveita a energia gerada nas frenagens de um veículo, economizando combustível, e que está presente já em 500 ônibus na Inglaterra, inclusive nos modelos tradicionais de dois andares.
A repórter Julianne Cerasoli, do UOL de São Paulo, entrevistou responsáveis pelo projeto, que começou com a Williams em 2008. Com o sistema, tem sido possível economizar até 30% de combustível, com a vantagem de ser implantado em ônibus antigos. Sistemas semelhantes de reaproveitamento de energia só saíam de fábrica em ônibus zero quilômetro.
No ano de 2008, a Fórmula 1 começou a desenvolver formas de usar energias híbridas nos motores para seguir as tendências da indústria automotiva. Neste momento surgiram os primeiros KERS que recuperam a energia cinética gerada pelos freios para aproveitar na tração dos veículos.
Nesta ocasião, foram apresentados dois sistemas: um aproveita a energia cinética transformando-a em energia elétrica. Foi o precursor do ERS-K e é o mais usado hoje.
Já a Willians desenvolveu naquela época um sistema de energia mecânica aproveitando a força gerada na frenagem por meio de uma turbina. No entanto, este sistema nunca foi utilizado na Fórmula 1.
O motivo é que era muito pesado e praticamente, com sua presença no veículo, anulava a potência extra gerada pela própria turbina. Afinal era necessária mais força para este peso a mais.
O aparente fracasso deste projeto da Willians para a Fórmula 1 foi muito bem recebido pelos serviços de transportes de passageiros. Em 2012, a Willians conseguiu reduzir o peso deste sistema para 50 quilos, tornando-o mais atraente em relação à redução de consumo de combustível. O modelo anterior já conseguiria uma economia entre 10 %e 15%. Com as adaptações, este ganho subiu para 30%. Outro problema da primeira versão do modelo era o barulho produzido pela turbina, que também foi resolvido.
A energia gerada pela frenagem é aproveitada para alimentar a turbina do sistema que gira até 40 rpm impulsionando motor.
“As forças exercidas por um ônibus de 15 toneladas constantemente parando para pegar passageiros são, na verdade, bem similares às de um carro de F-1 “, explicou na reportagem Ian Foley, diretor administrativo da Williams Hybrid Power. “Desde o início, identificamos o mercado de ônibus como o ideal para nossa tecnologia, pois ela não faz sentido para carros de rua normais.”
No ano de 2014, esta divisão de energia híbrida da Williams foi vendida para GKN Land Systems, uma empresa especializada em energias renováveis.
A preocupação do poder público na Europa em relação à redução de consumo de combustível e, consequentemente das emissões de poluentes, parece ser bem maior que em países como o Brasil.
Para se ter uma ideia, a GKN recebeu incentivos do governo do Reino Unido por meio de um projeto público que estimula a adaptação para o transporte público de tecnologias antes criadas para Fórmula 1.
Nos últimos anos, diz a reportagem, este projeto possibilitou a liberação de quase R$ 90 milhões, em conversão da moeda, para as empresas que estudam geração de energia híbrida, especialmente para ônibus. O intuito é economizar ao menos 25% do combustível usado pela frota urbana e metropolitana na Inglaterra.
Adamo Bazani, jornalista especializado em transportes