GPS vai mudar o tipo de combustível que um ônibus usa no meio da viagem de acordo com região da cidade

Fonte: Blog Ponto de Ônibus

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Ônibus em Londres. Sistema de transportes públicos da capital inglesa recebe mais investimentos para veículos não poluentes.
Testes começaram no mês de novembro em Londres. A partir de 2020, haverá restrições para o uso do diesel na região central.
ADAMO BAZANI
A partir de 2020, todos os veículos de transporte público movidos a diesel ou por outros combustíveis não renováveis não vão poder entrar a qualquer hora do dia na região central de Londres.  De acordo com as autoridades locais, o índice de poluição da capital inglesa é maior do que o autorizado em toda União Europeia. Os índices de Óxido Nítrico – Nox, gerado a partir da queima do diesel, chamam atenção.
Segundo TfL – Transport for London, a gerenciadora de transportes da cidade, os ônibus respondem por 9,2% das emissões de óxido nítrico e os táxis por 7,2% .
O objetivo é mudar essa situação. Para isso Londres tem investido numa frota de ônibus elétricos-híbridos (com um motor a combustão e outro elétrico), 100% elétricos, movidos por bateria e novos sistemas para tornar os ônibus elétricos mais viáveis .
Os repórteres Avener Prado e Rafael Balago, da Folha de São Paulo, viajaram a Londres a convite da missão diplomática britânica no Brasil e relataram os esforços da capital inglesa para deixar o transporte público ainda mais sustentável.
Uma das inovações é um sistema de GPS que vai determinar que tipo de combustível o ônibus usa de acordo com o geoposicionamento do veículo. Nas áreas com maior concentração de poluentes, a tração será 100% elétrica. Onde a situação do ar é menos crítica, funciona o sistema híbrido.  Segundo Mike Weston, diretor da Transport for London TfL, um sensor vai identificar onde está o ônibus e, dependendo da  localização, troca a fonte de energia sem o motorista precisa fazer nada para isso.
Os testes começaram em novembro e um dos objetivos é justamente resolver um desafio sobre a tração elétrica em ônibus: a baixa autonomia das baterias.
Mike explicou aos repórteres a dificuldade em relação ao tempo que os veículos precisam para ser carregados com energia elétrica. Segundo ele, em Londres, os ônibus ficam cerca de 12 minutos parados no ponto final. Antes de iniciar a operação por oito horas, os modelos elétricos precisam ficar parados ao menos por quatro horas para terem o carregamento completo. Mike explica que, por esse modelo operacional, se o ônibus atrasar uma viagem não dá pra compensar o atraso ficando menos tempo no ponto final justamente por causa da bateria – que continuaria sendo descarregada. Assim, para minimizar este problema, Londres testa novos pontos de recarga elétrica sem fio nas paradas dos ônibus. Enquanto o veículo estiver aguardando a próxima viagem, ele recebe uma carga de bateria a mais para prosseguir viagem com maior autonomia. No Brasil, o E-Bus, ônibus 100% elétrico desenvolvido pela brasileira Eletra e a japonesa Mitsubishi, testado entre Diadema, no ABC Paulista, e a zona Sul de São Paulo, segue o mesmo conceito. A unidade testada é um ônibus articulado encaroçado pela Caio, com chassi Mercedes-Benz.
MAIS INVESTIMENTOS EM ÔNIBUS LIMPOS NO CURTO PRAZO E REFORMAS DE MOTORES:
Além de testar estes novos conceitos de operação de ônibus elétricos, como o sistema de GPS que determina a fonte de tração de acordo com a área de operação, Londres realiza investimentos para curto prazo. De acordo com a TfL, até o ano que vem 1 mil 700 ônibus elétricos e híbridos devem chegar a capital da Inglaterra em 2016. Já os ônibus a diesel mais antigos terão reformas de motores, mesmo continuando com esta forma de tração. Serão 900 veículos que devem passar por uma modernização. O investimento total para as reformas será de 10 milhões de libras, o que vale aproximadamente R$ 57 milhões. Com motores diesel mais modernos, também o objetivo é reduzir os índices de poluição.
Ônibus movidos a biodiesel e a hidrogênio também devem integrar a frota de veículos mais limpos.
Texto: Adamo Bazani, jornalista especializado em transportes
Reportagem: Avener Prado e Rafael Balago – Folha de São Paulo.