Campinas terá dez ônibus elétricos chineses em circulação
Os modelos têm 12 metros de comprimento. BYD vai produzir articulados na cidade que também vai contar com elétricos-híbridos
ADAMO BAZANI
A prefeitura de Campinas anunciou de forma oficial nesta terça-feira, 14 de julho de 2015, no dia em que a cidade completou 241 anos, que o sistema de transportes local vai contar com uma frota de dez ônibus movidos somente à eletricidade, cuja energia é mantida em baterias. Diferentemente dos trólebus, os veículos não dependem de fiação externa.
Os dez ônibus, modelo K 9, estão em fase de aquisição pela Itajaí Transportes Coletivos Ltda e são fabricados pela chinesa BYD – Build Your Dreams que trabalha na instalação de uma fábrica na cidade do interior de São Paulo.
Os veículos emitem pouco ruído e não soltam nenhum tipo de poluente atmosférico na operação.
Durante o anúncio, foi apresentado um dosMODELOS de 12 metros de comprimento e um articulado de 18 metros que deve ser produzido em Campinas também. Além disso, a prefeitura exibiu um táxi elétrico.
Já existem dois táxis elétricos em operação na cidade e um terceiro deve também ser incorporado aos serviços.
Os dez ônibus comprados pela Itajaí devem entrar em circulação dentro de três meses, aproximadamente.
De acordo com nota da fabricante BYD, o ônibus articulado vai passar por testes no sistema local:
“O ônibus elétrico articulado K11, o articulado elétrico com maior autonomia do mundo, também fora exibido ao Prefeito e brevemente iniciará testes pela cidade. Depois de escolher Campinas como sede para a instalação de suas duas primeiras fábricas de ônibus elétricos e de painéis solares fotovoltaicos no Brasil, Campinas será a primeira cidade do Brasil a ter uma frota de veículos elétricos urbanos à bateria operando do Brasil. E a primeira frota de ônibus elétricos à bateria do Brasil só gera bem-estar à população. Desde a diminuição da poluição sonora, até a melhora nos índices de poluição atmosférica da cidade.”
HÍBRIDOS:
Em nota, a prefeitura de Campinas informou que a cidade deve, nos próximos meses, receber também veículos elétricos –híbridos da Volvo. Cada ônibus possui doisMOTORES, um a óleo diesel e outro elétrico. A fabricante diz que a redução das emissões de poluentes pode variar entre 50% e 95% dependo do tipo de material lançado no ar.
Na nota, a prefeitura informa dados dos transportes de Campinas, as linhas que terão os ônibus elétricos e alguns dados técnicos dos veículos:
Atendimento
Os dez novos ônibus elétricos serão adquiridos pela empresa Itajaí, que atua na Área 2 (Vermelha) do município. A Área Vermelha abrange as regiões do Campo Grande, Padre Anchieta e Corredor John Boyd Dunlop.
Os veículos irão atender as linhas: 2.13.1 – Terminal Itajaí; e 2.20 – Terminal Campo Grande. Serão beneficiados é mais de 3,5 mil passageiros por dia, uma média de 87 mil por mês.
No ano passado, um ônibus elétrico foi testado na linha 5.02 – Circular / Centro, conhecida como Linhão da Saúde, por atender diretamente cinco hospitais.
Veículo elétrico
Os ônibus elétricos sãoMODELO urbano, com piso baixo. O veículo não emite poluente e não precisa de sistema de rede eletrificada. A autonomia é superior a 250 km, podendo chegar a 300 km, com o uso do freio regenerativo. A recarga da bateria é feita durante a noite, na garagem, por um período de quatro horas, para 100% de recarga.
Os veículos possuemMOTORES elétricos no eixo de tração, o que os tornam veículos com baixo nível de ruído e melhoram o conforto dos passageiros. O coletivo tem 12 metros de comprimento, 2,55 metros de largura e 3,36 metros de altura. A velocidade máxima atingida é de 90 km/h, mas pode ser limitada eletronicamente. A capacidade é para cerca de 80 passageiros.
O ônibus é acessível, com área reservada para uma cadeira de rodas. Os veículos foram fabricados pela empresa chinesa BYD Auto, que instalou uma fábrica na região do Terminal Intermodal de Cargas (TIC).
Dados do transporte
Atualmente, o sistema de transporte público coletivo do município tem 1.254 ônibus em operação. Desse total, 956 são acessíveis (76,2% da frota). A idade média da frota é de 4,6 anos.
Campinas possui 206 linhas de ônibus municipais. O sistema atende quatro áreas:
– Área 1 (Azul Claro). Regiões: Ouro Verde, Vila União, Corredor Amoreiras, Campo Belo e Aeroporto de Viracopos.
– Área 2 (Vermelha). Regiões: Campo Grande, Padre Anchieta e Corredor John Boyd Dunlop.
– Área 3 (Verde). Regiões: Barão Geraldo, Sousas, Amarais, Rodovia Campinas – Mogi Mirim e Corredor Abolição.
– Área 4 (Azul Escuro). Regiões: Nova Europa, Jambeiro e Estrada Velha de Indaiatuba.
Nos últimos 12 meses, o sistema de transporte público do município registrou uma média de 634 mil passagens na catraca por dia útil. São 15,5 milhões de passageiros por mês. Estima-se que essas viagens sejam realizadas, diariamente, por 233 mil usuários (pessoas).
BRASILEIRA TAMBÉM PRODUZ ÔNIBUS NÃO POLUENTES:
Além da BYD, que entra este ano em operação oficial no Brasil, outras empresas também fabricamMODELOS que poluem menos ou que não emitem nenhum poluente na operação.
A brasileira Eletra, de São Bernardo do Campo, faz trólebus há aproximadamente 35 anos. Desde 1999, atua na produção e comercialização de ônibus elétricos híbridos. Segundo a empresa, o primeiroMODELO articulado no mundo deste tipo de ônibus foi produzido pela Eletra. As operações iniciaram no Corredor Metropolitano ABD, servido pela Metra, empresa do mesmo grupo da fabricante.
Hoje, em parceria com a japonesa Mitsubishi, a Eletra testa um ônibus articulado totalmente elétrico, também dependendo apenas de baterias. O veículo é chamado de E-Bus.
Em setembro, a Eletra deve apresentar no “11º Salão Latino-Americano de Veículos Elétricos, Componentes e Novas Tecnologias”, na cidade de São Paulo, um modelo de Ônibus Híbrido Dual. Trata-se de um ônibus híbrido e de um trólebus num mesmo veículo.
De acordo com a empresa, o modelo “não necessita deINVESTIMENTO em infraestrutura de recarga para as baterias, pois quando está operando na versão híbrida, as baterias são recarregadas na frenagem. O modelo que será apresentado no evento é a versão elétrico híbrido e trólebus.”
Desde 2012, a Volvo também produz no Brasil um ônibus elétrico híbrido. Os modelos estão nos sistemas de Campinas e Curitiba e são usados para transportes de turistas no Parque Nacional do Iguaçu, em Foz do Iguaçu.
No mês passado, umCONSÓRCIO de empresas de fabricação de chassi, carroceria, de soluções de integração de tecnologia e outros ramos destinados ao transporte limpo, apresentou mais três ônibus movidos a hidrogênio que vão circular pelo Corredor Metropolitano ABD, servido pela Metra, naGRANDE SÃO PAULO.
Em nota, uma das participantes do consórcio, a fabricante de carrocerias Marcopolo, fala sobre os parceiros do projeto e como é o funcionamento básico dos ônibus a hidrogênio:
Em nota, uma das participantes do consórcio, a fabricante de carrocerias Marcopolo, fala sobre os parceiros do projeto e como é o funcionamento básico dos ônibus a hidrogênio:
“O projeto totalmente brasileiro foi cumprido sob contrato de pesquisa financiado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, com recursos do Global Environment Facility – GEF e da Agência Brasileira de Inovação – FINEP, por meio do Ministério de Minas e Energia. O consórcio fornecedor dos veículos e da estação de produção e abastecimento de hidrogênio é formado pelas empresas Ballard Power Systems, EPRI International, Hydrogenics Corporation, Marcopolo, Petrobras Distribuidora e Tuttotrasporti … O ônibus possui tração elétrica híbrida MOTORelétrico alimentado por célula de combustível a hidrogênio + baterias), com autonomia de 300 quilômetros. Além disso, dispõe de sistema de recuperação de energia das frenagens. O processo de propulsão funciona da seguinte forma: o hidrogênio reservado nos tanques é introduzido na célula, onde passa por um processo eletroquímico que produz energia elétrica pela agregação do hidrogênio com o oxigênio do ar, gerando água como subproduto. Essa energia elétrica é armazenada em baterias que alimentam o motor elétrico de tração (similar ao de um trólebus), instalado no eixo traseiro, que gera energia mecânica e movimenta o veículo. O sistema de célula a combustível não produz nenhum tipo de poluente. É diferente dos ônibus de motor a diesel, no qual a energia térmica é transformada em energia mecânica, ao mesmo tempo em que o combustível queimado gera resíduos poluentes.
Adamo Bazani, jornalista especializado em transportes